Possivelmente, a
cultura que meu filho vai herdar está no lugar em que vivo! É o lugar em que
nasci e cresci. É o lugar que eu amo, e é o lugar em que quero viver até morrer.
E como consequência, ainda é o lugar em que gostaria de ver o meu filho crescer
e viver.
O lugar é bonito e promissor,
entretanto, não vejo nele tantos recursos naturais que se destaquem a ponto de
ser um lugar cobiçado por qualquer capitalista, a não ser a dureza da terra na
qual muitos dos meus colegas, desde a infância, trabalham de sol a sol para
tirar o sustento, e uma vasta riqueza cultural presente no povo e em muitos
detalhes da pequena cidade. As carroças de burro na feira, a pracinha do
coreto, os inúmeros poetas e cantadores, os ternos de reis, e a mais famosa Festa
de Maio da redondeza – a Festa do Divino na qual se desenrolam diversas
atividades culturais! A chegada da bandeira, as quermesses e novenas, e todas
as outras manifestações populares que ganham vida por aqui. Aqui também viveu
Afonso Mantta – o nosso grande poeta – que com suas sabias palavras, exaltava
esta nação. E aqui ainda nos resta a conversa à janela onde se aprende
tradições. Algumas que eu não vi, mas sobre as quais eu li ou ouvi falar. Coisas
que morreram e outras que estão morrendo. Sei que vida e morte formam um ciclo
natural, mas também sei que coisas podem sobre-existir. É disso que não quero
desistir!
A cidade está
crescendo! A população aumentando! E as oportunidades falindo! O que é que está
acontecendo? Jovens partindo e outros perecendo
ou padecendo! A riqueza ainda existe. É exuberante na cidade. Mas poucos dela
desfrutam. É questão de educação. Somos ensinados desde o berço (quem o tem) a
tirar vantagem de tudo. Por conveniência ou precisão. E sempre que podemos nos
apossamos do que não devemos. Pois é assim que aprendemos.
Os ensinamentos vêm de
cima. Não do que nos dizem, mas daquilo que observamos. Suspeita de roubos e
fraudes, desvio de verba pública que deveria ser destinada à saúde ou educação,
e com isso o nosso futuro vai “pro” chão. Literalmente falando: na lavoura, ou simplesmente
com o esfregão!
Dizem que nada foi
provado, mas veja só o que pode ser observado! Os sobrenomes daqueles que
ocupam os melhores cargos públicos da cidade e a riqueza que ostentam; nomes
diferentes estão próximos de parentes; mas, gente de talento se discorda é louco
ou delinquente. E onde está o que é da gente? E o que meu filho vai herdar? Pensar
nisso me dá medo e vontade de chorar!
Muitas vezes pensei partir,
procurar outro lugar pra trabalhar e pra morar. Mas descobri que o melhor é
ficar e tentar mudar. Pois o lugar em
que vivo é o lugar que eu amo, onde vivem meus amigos e aqui quero viver até
morrer. Políticos, não me deixem, ainda jovem, perecer, pois tenho um filho pra
educar! Eduquem-se e busquem uma educação de qualidade voltada para toda a
comunidade. Não permitam que interesses egoístas prejudiquem ainda mais a nossa
sociedade.
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