(...) Como minhas preocupações haviam passado, eu observava, mas não me atentei ao acontecimento iminente. Entretanto, o que eu percebia era que ao passo que o animalzinho se afastava do tonel de lixo a corda que os ligavam ficava cada vez mais esticada, mas como não era muito curta levou um bom tempo até que ficasse completamente esticada, foi então que de repente, num solavanco mais forte para alcançar um bagaço de cana que se encontrava um pouco mais afastado, o tonel tombou.
Em sua queda, o tonel provocou um tremendo barulho. E como era de se esperar, o jegue se assustou e começou a correr, “e como corria o jeguinho”. E ao passo que corria, levava consigo o tonel.
Como a rua era estreita e de paralelepípedo, “o tonel”, em seu contato com o piso, fazia mais barulho ainda. E o jegue corria..., corria tanto que não podemos afirmar ao certo o que acontecia naquele momento. O certo é que corria, e quanto mais corria mais barulho o tonel fazia. E quanto mais barulho fazia mais o pequeno e assustado jegue corria.
A essa altura do acontecimento, praticamente todos na feira pararam para assistir àquela cena enquanto riam a valer, com poucas exceções além das crianças que corriam atrás do jegue e do tonel gritando em grande alvoroço, o que contribuía para aumentar ainda mais a agonia do pobre animal que não podia nem sequer imaginar o que, nem porque aquilo corria atrás dele fazendo tanto barulho. Os cachorros, também assustados, corriam em fuga para todos os lados, latiam tão alto que pareciam estar gritando, de modo que todo aquele barulho assustava cada vez mais o jeguinho, que corria, corria e corria! Nessa trajetória, alguns carros foram amassados pelo tonel provocando o desespero de seus donos. E como o jegue correu! Correu até o tonel se desprender da corda que os ligavam. Mesmo assim, o pequeno animal continuou correndo de modo que ninguém sabe precisar onde nem quando foi que ele parou.
Depois que todo aquele barulho provocado pelo jegue e pelo tonel cessou, pudemos, então, ouvir os risos que se faziam na multidão, foi, então, quando outro barulho começou.
Algumas vozes agitadas na multidão indagavam:
– Quem é o dono do Jegue?
– De quem é aquele jegue?
Mas, ninguém respondia! Após essas perguntas, um silêncio, quase que total, se fez entre todos. A não ser, o barulho dos passos apressados da multidão que começava a se dispersar.
Enquanto isso, gritando bem alto, uma voz insistia em perguntar:
– QUEM É O DONO DAQUELE JEEEEEEGUE?
Em resposta, ouviu-se um silencio que permaneceu por alguns segundos!
E ninguém ousava abrir a boca para dizer outra coisa.
(...)